quinta-feira, setembro 22, 2005

O que falar?

Fale o que lhe vier na cabeça
Fale do tempo que mudou rápido
Deixemos os mistérios para a natureza
Fale da condução que atrasou
E apenas cuide para que este papo não tenha a mesma sina
Fale do que comeu no almoço
Feijão com arroz?
Ótimo se te preparou para o dia!
Fale das mangas que catava no quintal quando criança
Continue catando e chupe até o caroço
Fale do sonho de ontem
Sabendo que o bom é sonhar acordado
Fale dos planos de amanhã
E fale destes como se fossem sonhos
Fale do salário injusto
Olhe para o pulso e veja:
As marcas das correntes ainda estão lá
Sinta o pulso
Fale do sermão do patrão
Mas não esqueça de conspirar a resposta
Fale do dia o que foi
E tire uma lição para vida o que será
Falemos tudo num boteco ou num banco de praça
Tanto faz... fale!

Mas apenas uma última sugestão:
Não fale apenas.

quarta-feira, setembro 14, 2005

A bala que zune
O sangue que reune
Um canhão na cabeça
Um projétil em cada olhar
A notícia estampada
Uma face desfigurada
Sua mão no controle
Uma face estampada
Seu dedo no botão
A notícia desfigurada

A morte:
O dedo da vida
Sua vida a dedo
Três, dois, um...
O tempo!
Sua angústia, a revolta
E o processo é lento

Lenta a dor arde
Vento frio da tarde
E silencioso o azul arde
Você ainda vê?
Ou você já vê?
Seu dedo na ferida!
Seu dedo!
... sua ferida
Uma ferida aberta ao fim da tarde
Cada tarde
Toda ferida.